DEPOIMENTOS
A escritora fala da importância dos diários na sua época de estudante.
Eu tinha vários diários na época de escola. Anotava todas as minhas experiências, as descobertas, eram cadernos e mais cadernos... sem saber já estava fazendo o exercício de analisar as relações humanas, que é a essência dos meus livros hoje.
Eu era aérea, distraída, mas cumpria todas as tarefas e era responsável. Minha vontade de escrever fluía dos diários para as redações, tinha uma facilidade enorme para me expressar na escrita, mas em compensação em Matemática...
Foram 11 anos no mesmo colégio, o Nossa Senhora do Bom Conselho, em Porto Alegre. Fui muito feliz por lá, dos seis aos 17 anos, até entrar na faculdade. Até hoje faço encontros com as minhas amigas da época, nunca perdemos o contato. Estamos todas cinquentonas, mas permanece aquela vontade de compartilhar experiências da época que éramos adolescentes... Além das amizades a escola me deu muito. Foi lá que conheci Monteiro Lobato, aprendi a ter curiosidade sobre o mundo... Apesar de ser um colégio tradicional, os professores tinham liberdade para nos levar em excursões e até viagens, dar aulas fora da sala.
Acho que a Educação não deve ser só entre quatro paredes, mas uma ferramenta para interpretar a vida. A escola tem de estar conectada com que acontece dentro e fora dela e ser o estímulo maior para que cada aluno faça suas descobertas.
Martha Medeiros é escritora e colunista dos jornais Zero Hora, de Porto Alegre, e O Globo, do Rio de Janeiro
